Jamie Cullum! Deixa dar-te um cafunézinho!

Com a sala completamente lotada, Jamie Cullum actuou pela terceira vez em Portugal, desta vez no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e mostrou novamente a sua mestria, energia e capacidade vocal, interpretativa e instrumental de alto nível.O músico britânico entrou em palco "a matar" ao som de dois singles do seu último álbum, "Catching Tales", no qual envereda mais pela pop, em detrimento dos standards Jazz. Primeiro 'Photograph', com a letra alterada para fazer referência a uma portuguese girl, e depois 'Get Your Way'. Logo ao segundo tema, Cullum já estava a cantar de pé em cima do piano como, de resto, é seu apanágio. De visual informal - camisa, casaco, jeans e ténis -, Cullum mostrou porque é considerado um verdadeiro "showman natural". Com o groove, loucura e os improvisos que lhe são característicos, o cantor calcorreou o palco de lés a lés, correu, saltou, sentou-se de novo ao piano, cantou sem microfone nos corredores da plateia e hipnotizou a assistência com os seus malabarismos vocais e corporais.Temas como 'What a Difference a Day Made', 'Twenty Something', a versão de 'Frontin' de Pharell Williams', o arrepiante 'All At Sea' e o incontornável e aclamado 'Everlasting Love' (composto pela dupla Buzz Cason e Mac Gayden) foram cantados em uníssono e ficam para a história como alguns dos momentos mais altos deste concerto. A componente visual é também explorada por Cullum, com videos, imagens em tempo real e jogos de luzes a acompanhar cada música.A surpresa da noite surgiu quando o artista interpretou uma versão de 'Sexyback', um original de Justin Timberlake, e 'Dontcha', o êxito das Pussycat Dolls, aliados à habitual percussão no corpo do piano, feita com verdadeira mestria. 'London Skies' teve direito a um toque brasileiro, com um sample do clássico 'Mas que nada', de Sérgio Mendes. Ao tocar e cantar a versão de 'High And Dry' dos Radiohead, Jamie chamou os fãs para perto do palco e 'These Are The Days" contou com a ajuda do público, que trauteou para fazer as vezes dos saxofones e trompetes, num momento de rara magia e cumplicidade.Entre um e outro tema, Jamie conversou animadamente com a assistência, elogiou a gastronomia e a beleza das mulheres portuguesas, criticou o imediatismo da indústria musical, prometeu um novo disco para 2007 e falou acerca das suas histórias de amor e desamor, criando um ambiente descontraído e intimista. Em território luso, acompanhado por uma virtuosa banda, Jamie Cullum foi o protagonista de um concerto incendiário de mais de duas horas. Com uma prestação genial e momentos de rara beleza, o cantor voltou a mostrar porque é considerado um dos mais estonteantes músicos da actualidade.Na primeira parte do espectáculo actuaram os Nizlopi. O grupo britânico cativou o público com uma actuação dinâmica e falou por diversas vezes na língua de Camões, enquanto apresentava o seu segundo álbum, "ExtraOrdinary".

Nós estivemos lá!
Quem não conhece, tente ouvir! Vale a pena!